Carta ao meu futuro filho

Filho querido, quando leres este texto, saiba que ele foi escrito antes de você nascer, antes mesmo de eu conhecer sua mãe (acredito eu), mas não queria esquecer de nenhum detalhe a lhe contar.

Como sabes, nasci na década de 90, a década gremista, e digo que foi muito difícil, foi doloroso ser colorado, meus amigos riam da minha cara, pois eles acumulavam títulos e eu? Bem, eu me contentava em apenas ver meu time em campo.

No ano de 1997, comemorei como se fosse uma Copa do Mundo aquele Gauchão vencido sobre os azuis, ali eu tive mais certeza que eu estava certo em nunca querer mudar de lado, como seu avô gremista queria, e como muitos fizeram por não aguentar a pressão.

Meu amor pelo Sport Club Internacional só crescia, mesmo após aquela dolorida derrota de 4x0 para a papada, ou até mesmo depois de ver o Dunga nos salvar do rebaixamento, confesso que virei mais vermelho depois deste episódio. Sim filho, nós comemorávamos este tipo de "glória", mas mesmo assim éramos felizes, pois éramos Colorados.

O novo milênio nos trouxe novas esperanças, nos trouxe novas alegrias, nos trouxe títulos.

Campeonato Gaúcho era quase todo ano, novos ídolos surgiam a cada ano, Fernandão, Clemer, Rafael Sóbis, Tinga, Nilmar e tantos outros de igual importância.

Em 2006, conseguimos voltar a jogar a Taça Libertadores, agora você já deve ter várias, mas naquela época tu não sabes o que era não ter nenhuma e ver seu rival com duas.

Neste mesmo ano, com muita desconfiança, conseguimos chegar a final e em dois jogos épicos, pintamos a América de vermelho, estávamos indo aonde nunca havíamos chegado, e não era mais tempo de voltar atrás, tinha chegado a nossa vez.

No Mundial ninguém acreditava na gente, apenas nós mesmos, os azuis diziam "Barcelona passará por cima de vocês fácil". O fim desta história tu já conheces, o mundo inteiro vermelho.

O respeito a nós começou a existir, e outras taças internacionais começaram a ser depositadas no nosso armário.

Filho, eu estive no Gigante da Beira-Rio em 2006, e ontem estava lá de novo. Você não sabe a emoção que sinto te dizendo que "eu vivi essa história", eu estive presente em todas as nossas conquistas dos anos 2000 para cá, e só tenho uma coisa a te dizer... COMO É BOM SER COLORADO!

Agradeço ao teu bisavô por me fazer colorado, pois de todos ensinamentos aprendidos com ele, talvez este seja o que mais me trouxe alegria.

Com carinho,

Felipe

(19/08/2010)