1. SHEENA TRAMP - onde você nasceu? E como surgiu o futebol para você? Quando veio para o internacional?
WILLIAN LESEIKO - Nasci em Passo Fundo. O futebol apareceu através do meu primo. Ele jogava futsal em Passo Fundo, no Caxeiral Campestre, um clube da cidade, e quando eu tinha seis para sete anos de idade assistia sempre aos jogos dele até que o diretor e coordenador do time, chamado Severo, me viu e perguntou a minha idade. Eu sempre fui muito grande e ele ficou impressionado me chamando para fazer um teste na linha. Mas como não me dava bem com a bola nos pés acabei indo para o gol... hehehehe! Depois com meus doze anos fui jogar pelo Esporte Clube Gaúcho, que era futebol de campo, e fui jogar contra o Grêmio pela semi-final estadual. E ai acabei indo para o Grêmio. Joguei o EFIPAN, campeonato em Alegrete pelo Grêmio. Logo quando acabou nós ganhamos férias, e nesta volta das férias meu empresário veio me falar que eu ia me apresentar no Inter... e foi assim que tudo começou!
2. SHEENA TRAMP - morar fora de casa, jovem, longe da familia, como é?
WILLIAN - Morar fora de casa em qualquer idade, penso eu, não é fácil. Para ninguém. Mas quando se é jovem, é um pouco ruim sim. Muitas vezes, no começo me acordava achando que estava em casa, algumas vezes gritava pra minha mãe fazer o café, mas quando ia me levantar caia na real... putz! Não estou em casa e lá ia eu fazer o café. Não era dos melhores mas dava conta, e a noite quando ia dormir era o momento mais difícil quando sentia a falta de ter alguém da família para você contar sobre o seu dia a dia, para te fazer um carinho, dar conselhos, é este o momento que muitas vezes dava vontade de ir embora, vontade de chorar. Mas tinha que aguentar no peito. Minha família foi muito importante para mim. Minha mãe e meu pai, sempre que possível, ligavam e me passavam uma segurança momentânea, mas sempre a saudade vinha. Eles são pessoas que não tenho como agradecer por tudo que eles fizeram por mim. Sempre fui de família humilde e a gente nunca tinha dinheiro sobrando, nunca faltava nada em casa mas nunca sobrava também. E meu pai e minha mãe davam um jeito de mandar dinheiro, não sei como, para mim poder almoçar e jantar aqui em Porto Alegre. Tive muitas vezes que escolher em comer no mês arroz, carne ou uma massa. Se eu fosse comer carne todo dia, em algum dia não ia comer, então era uma massa ou arroz. Dependendo do dinheiro que eles mandavam eram duas ou três vezes na semana que tinha carne. Então sou muito grato aos meus pais porque não sei de onde eles tiravam dinheiro para me mandar, mas todo mês lá estava aquele dinheirinho.
Com o tempo que fui ficando no Inter, os treinos foram aumentando e comecei a passar mal em alguns deles. Meu treinador começou a se preocupar e fazer perguntas porque me via ir a pé para casa sempre. Eu morava em um apartamento pago pelo empresário na Ipiranga com a Silva Só, então saia do Beira-Rio até lá caminhando após o treino e quando eram dois turnos eu ficava esperando, caminhando pelo Beira-Rio e ele vinha fazer muitas perguntas: onde eu morava, o que eu comia e tudo mais. Resumindo, ele descobriu que eu estava passando mal por falta da alimentação adequada para os treinamentos. Depois disso, ele conseguiu para que eu pudesse almoçar e jantar no refeitório do Beira-Rio. Imagina a minha felicidade! Ia sobrar um dinheirinho para eu ir de ônibus todo dia pra casa e bem alimentado. Mas isso ocorreu depois de nove meses tendo que fazer minha comida em casa e me virando como dava. Penso eu, que nada é fácil nesta vida mas se você quer e deseja muito isso, ninguém te segura. Tenho uma frase para tudo isso: “os dias bons te trazem felicidade, os ruins experiência”. Mãe e pai, amo muito vocês!
3. SHEENA TRAMP - conte-me como é seu dia-a-dia no Internacional e conviver com seus companheiros na concentração.
WILLIAN - O dia-a-dia no Internacional depende da progamação da semana. A progamação vai te dizer se você tem treino dois turnos no dia ou um turno, e os horários. Com isso você segue a programação, dependendo se é um turno ou dois turnos sempre tens que chegar trinta minutos antes dos treinos. Eu sempre chego uma hora antes para poder me arrumar tranquilo, comer algo e conversar com os amigos, falar sobre os jogos e treinos. Na concentração, é normal ficarmos sempre em dois por quarto. Temos os horários de refeições e palestras para seguir. No mais ficamos conversando, na internet, ou escutando música. É isso.
4. SHEENA TRAMP - como sua familia vê a sua saída de casa para realizar seus sonhos? E quem são eles?
WILLIAN - Minha familia vê minha saída como a busca por um sonho, não só meu, mas deles também, por tudo que passamos juntos, as dificuldades e um dia poder olhar para traz e dar risada. Como Dourado diz: um dia vamos rir de tudo isso. Mas não hoje! Minha familia, pai, Juarez Lago. Mãe Roselaine Leseiko. Irmã, Julia Leseiko Lago, e irmão, Rodrigo Leseiko.
5. SHEENA TRAMP - como você se sente treinando com atletas famosos e consagrados?
WILLIAN - Me sinto na obrigação de buscar sempre a excelência do meu trabalho porque são pessoas que ganharam todos os tipos de campeonatos possiveis e eu sempre tento tirar o melhor de cada um deles que encaixe no meu perfil para poder, quem sabe um dia, chegar aonde eles chegaram e ir mais alto ainda!
6. SHEENA TRAMP - qual o momento no futebol que você sentiu a maior emoção?
WILLIAN - Todo jogo, todo treino, todo dia no futebol você aprende algo. Passa alguma emoçao, alguma coisa. Por isso ele é muito consagrado hoje em dia, então fica muito dificil responder isso mas tentarei. Uma das minhas maiores emoções foi quando com dezessete anos houveram vários acontecimentos no profissional e com isso fui para o banco de uma semi-final do gauchão. Entrar no estádio com aquela torcida gritando e torcendo, não tem preço! Eu apenas fiquei no banco, mas a minha vontade era de jogar. Vocês não tem noção da emoçao e da minha vontade de jogar! Tinha vontade de chorar de tanto que queria estar jogando. E pelo juvenil, eu era banco e na final do estadual, o nosso goleiro teve problemas familiares e eu fui para o jogo. Era GRENAL, dentro do Olímpico, ganhamos de 1x0. Fechei o gol. Foi uma emoção muito grande poder jogar um GRENAL dentro do olÍmpico e sair com a vitória. Outra emoçao que eu tenho, é acordar todo dia e agradecer a Deus por poder estar ali naquele momento e poder ir treinar, estar bem e com saude. Obrigado meu Deus!
7. SHEENA TRAMP - Qual jogo pelo Inter nas categorias inferiores que marcou para você?
WILLIAN - Como falei antes foi o GRENAL no juvenil que ganhamos dentro do Olímpico, por 1x0.
8. SHEENA TRAMP - Quais seus projetos futuros no mundo da bola e na sua vida
WILLIAN - Meu projeto no futebol é poder chegar ao máximo que um goleiro pode chegar, com muitas vitórias, títulos e consagrações. Meu projeto é este porque se eu errar vou poder estar ali perto mesmo assim. E na vida é, um dia, poder ajudar muita gente com projetos sociais, com o futebol junto ao estudo porque muitas pessoas largam tudo pelo futebol e esquecem dos estudos. Acho que se conciliarem os dois a um projeto todas as pessoas teriam a chance de ter uma vida melhor e digna!
9. SHEENA TRAMP - mande uma mensagem aos colorados de todo o mundo que acessam o Porto Imagem.
WILLIAN - Minha mensagem é agradecer pelo carinho e apoio ao clube e aos atletas do Internacional porque não é qualquer clube que chega a mais de 100 mil sócios.
Torcedores colorados, muito obrigado por tudo!
10. SHEENA TRAMP - Com suas palavras, fale sobre Porto Alegre.
WILLIAN - Porto Alegre, para mim, foi uma cidade que me acolheu quando mais precisei, uma cidade maravilhosa.
Foi a cidade que me proporcionou a busca pelo meu sonho e o de muitas pessoas. Então, Porto Alegre para mim, e para muitas pessoas, é a cidade que te proporciona o pão de cada dia, a esperança, a alegria, o bem estar.
Obrigado por tudo Porto Alegre, e agradeço a todos que leem o Porto Imagem. Que Deus abençoe todos vocês! (fonte site http://www.portoimagem.com)
Abração,
Felipe
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